COMO LANÇAR A INDENIZAÇÃO DE SEGURO NO SISTEMA FINANCEIRO NÃO CONTÁBIL
- custoseganhosconsu
- há 4 dias
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Vamos imaginar a situação de uma empresa, que emitiu uma nota fiscal de R$ 10.000,00 referente a uma venda. A mercadoria foi despachada, mas infelizmente, a carga foi roubada. A empresa registrou boletim de ocorrência e iniciou o processo de indenização junto à seguradora.
No caso de empresas que usam o sistema financeiro contábil, o procedimento é claro: transfere-se o valor da conta Clientes a Receber para a conta Seguros a Receber, e, quando receber o valor da indenização, dá a entrada na conta Banco e zera o saldo da conta Seguro a Receber. Tudo isso se resolve dentro do Ativo Circulante, sem passar pelas contas de resultado. O prejuízo só seria reconhecido se a seguradora não pagasse.
Agora, no caso de empresa que usa sistema financeiro não contábil, há mais de uma maneira de lidar com a situação. A forma mais simples e prática, e provavelmente a mais usada, seria o de manter o valor da nota na conta Clientes a Receber, até o dia que a seguradora efetuar o pagamento. Nesse dia, basta fazer a baixa da fatura diretamente para a conta Banco. Observamos que é importante registrar, no campo das observações, que o crédito se refere à indenização do seguro e não do pagamento de cliente. Para evitar interpretações erradas no futuro.
Essa forma é funcional, mas tem uma limitação: ela não demonstra no sistema, que houve um prejuízo temporário e posterior recuperação. Para quem quer analisar o resultado por mês, isso pode distorcer a leitura.
Então, vamos a forma mais analítica, para atender o administrador que deseja ver o impacto deste sinistro na demonstração de resultado. Pois, alguns empresários, fazem questão de refletir a realidade dos fatos mês a mês. Querem registrar que houve um prejuízo no mês do roubo e uma recuperação no mês da indenização do seguro.
Nesse caso, podemos fazer o lançamento da seguinte forma: Na data do sinistro, faça a baixa da fatura da conta Clientes a Receber, contra uma conta de Compensação ou conta de integração. Registrando no campo da observação, que esta baixa se refere ao caso do sinistro, enquanto aguarda a indenização da seguradora.
Isso vai tirar o valor desta nota sinistrada, da conta Clientes a Receber, limpando o saldo do Contas a Receber, que deixará de contar com este valor para efeito de fluxo de caixa. Note que a conta Compensação ainda está com saldo positivo de R$ 10 mil, que precisa ser zerado.
Por isso, logo em seguida, lance no Contas a Pagar uma “despesa” para o “fornecedor” chamado Seguro, com o valor de R$ 10.000,00, classificando na conta “Despesa com Sinistro” ou uma conta parecida. Baixe esse título usando aquele saldo de R$ 10 mil, da conta de Compensação. Pronto: nesse momento, o sistema passa a mostrar um prejuízo de R$ 10.000,00 na Demonstração de Resultado, referente ao sinistro e o saldo da conta Compensação ficou zerado.
Se preferir, e tiver certeza de que o seguro vai pagar, é possível classificar essa conta como um valor a recuperar, fora do resultado, na contabilidade gerencial, no grupo de ativos do plano de contas. Na prática, a maioria das empresas que trabalha com regime de caixa nas despesas, acaba mostrando como despesa no mês que ocorreu o sinistro e depois como receita, no mês que recebeu a indenização.
Na data da indenização, como a fatura original já foi baixada, será necessário criar uma nova fatura no Contas a Receber, em nome do cliente “Seguro”, no valor de R$ 10.000,00. Faça a baixa dessa fatura na data que o valor entrou no banco, para que a receita compense o prejuízo registrado antes.
Na hora de baixar, utilize a mesma conta, a das Despesa com Sinistro, utilizado na baixa do Contas a Pagar, quando gerou a despesa. Isso fará com que a entrada “anule” o prejuízo anterior, mostrando um resultado positivo de R$ 10.000,00 no mês do recebimento.
A Demonstração de Resultado mostrará então: uma despesa de R$ 10 mil, no mês da ocorrência do sinistro, e uma receita de R$ 10 mil na mesma conta Despesa com Sinistro, no mês que recebeu a indenização. Essa abordagem reflete a realidade dos fatos: houve um impacto financeiro, que foi revertido no mês seguinte.
Mas, atenção: se o roubo acontecer no fim do ano e a indenização for recebida apenas no ano seguinte, o resultado anual apresentará um prejuízo que só será compensado no exercício seguinte. Isso pode afetar a análise de desempenho e até na distribuição de lucros. Por isso, reforço: na contabilidade fiscal, siga corretamente a legislação. E tenha como meta, aos poucos, alinhar os números da sua contabilidade gerencial com os da contabilidade fiscal.
Empresa que usa o sistema financeiro não contábil, mas querem controlar bem os impactos reais das ocorrências, pode e deve lançar o sinistro e a indenização de forma detalhada, passo a passo, mesmo que isso implique em mais lançamentos.
O importante é que os lançamentos façam sentido para quem vai analisar os números. Com um bom plano de contas e disciplina nos lançamentos, dá para enxergar o que de fato aconteceu: houve um roubo, houve um prejuízo, e houve uma indenização. No final, a Demonstração de Resultado conta a história da empresa, e a história precisa estar certa.
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