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PARCELAMENTO DO CARTÃO DE CRÉDITO: COMO LANÇAR NO SISTEMA FINANCEIRO

  • custoseganhosconsu
  • 17 de jun.
  • 5 min de leitura

Uma coisa é comprar optando pelo pagamento parcelado com cartão de crédito. E outra coisa bem diferente é optar pelo Parcelamento da fatura, das compras anteriormente realizadas.


Neste texto vamos explicar o caso de uma empresa que fez uma compra, da matéria prima, no valor de R$ 12 mil, com cartão de crédito, inicialmente com a intenção de pagar integralmente no próximo vencimento. Porém, teve uma ocorrência e ficou sem dinheiro para pagar o cartão de credito.


A empresa então, resolveu pagar R$ 6 mil, a metade do valor devido, e o restante deixou para pagar no mês seguinte. A pergunta que ficou foi, como lançar no sistema, esta passagem?


Então vamos lá. Uma forma fácil de lidar, seria o de fazer a baixa parcial desta nota e deixar o saldo, aberto no próprio fornecedor, até o próximo mês, na quitação do cartão. Debita a conta Fornecedor a Pagar em R$ 6.000 e Credita a conta Banco em R$ 6.000. Na demonstração de resultado, pelo regime de caixa refletirá o pagamento dos R$ 6 mil e no balanço, o passivo ficará com saldo restante de R$ 6 mil a pagar.


No mês seguinte, quando for pagar o saldo devedor, o valor será maior do que os R$ 6.000 originais, em razão dos juros. Vamos supor que, com os juros, o pagamento totalizasse R$ 7 mil. Este pagamento, deve ser lançado o valor de R$ 6 mil como a amortização do principal e o valor de mil reais na conta despesa com juros, da seguinte forma: debita a conta Fornecedor a Pagar em R$ 6 mil, e debita a conta Despesas com Juros em R$ 1.000,00 e credita R$ 7 mil a conta Banco de onde saiu o dinheiro.


Essa forma de lançamento garante que o custo da matéria-prima não seja inflado pelos juros. A matéria-prima tem seu custo próprio, lançado no momento da entrada da nota. Os juros, por sua vez, serão classificados como despesa financeira e lançado separadamente, para que a Demonstração de Resultado mostre o impacto da despesa com o juro, separado do custo da matéria prima.


O que acontece, na prática, é que quando a empresa opta pelo Parcelamento do pagamento da fatura do cartão de crédito, essa fatura geralmente reúne várias compras diferentes. Por isso, o raciocínio da baixa parcial precisa ser aplicado individualmente para cada uma dessas compras. E quanto maior a quantidade de lançamentos, maior o risco de erro nos registros.


Daí nasce a necessidade de separar, a dívida com a administradora do cartão, da quitação das compras feitas por meio dele. Imagine que, dentro do total de R$ 12 mil, estejam 10 notas fiscais, com diferentes classificações de despesa. A forma mais recomendada seria dar baixa em todas essas compras já na data do vencimento da fatura, como se o valor total tivesse sido pago — usando, por exemplo, a conta do banco. Isso geraria uma saída de R$ 12 mil no sistema, mesmo que, de fato, só tenham saído R$ 6 mil. Nesse momento, o saldo do banco ficará temporariamente com um valor menor do que o real, exigindo um acerto posterior.


O próximo passo é lançar a dívida dos R$ 6 mil restantes para o credor “Cartão de Crédito a Pagar”, com vencimento previsto para o mês seguinte. Como contrapartida, registrar a entrada de R$ 6 mil na conta banco, simulando o que de fato ocorreu: a administradora do cartão concedeu, como se fosse um “empréstimo”, para que a empresa pudesse quitar integralmente suas compras. Na verdade, foi isso que aconteceu por trás dos R$ 6 mil postergados.


No sistema, esse lançamento fica assim: credita R$ 6 mil no fornecedor “Cartão de Crédito a Pagar” e debita R$ 6 mil na conta banco. Com isso, os lançamentos do banco vão mostrar uma saída de R$ 12 mil, pela quitação das 10 notas, e uma entrada de R$ 6 mil, o que resulta na saída líquida de R$ 6 mil, exatamente o valor real que saiu da conta bancária. A empresa quitou as 10 notas, apenas trocando a dívida com os fornecedores pela dívida com a administradora do cartão.


Para empresas que utilizam sistema financeiro não contábil, esse processo ficaria um pouco diferente. Considerando que até a saída dos R$ 12 mil da conta banco, para pagar as 10 notas, o lançamento é igual. Agora, para a entrada dos R$ 6 mil, é que precisa incluir uma fatura no Contas a Receber e fazer a baixa, para gerar a entrada do valor no banco, e classificando esta baixa, na conta “Cartão de Crédito a Pagar”. Em seguida, precisa incluir no Contas a Pagar, um título de R$ 6 mil para o fornecedor “Cartão de Crédito a Pagar”.


Esses R$ 6 mil que entraram na conta banco, é claro, não devem ser classificados como receita. Eles sobem para a conta do passivo, no balanço patrimonial. Trata-se de um empréstimo, e por isso, não passam pela Demonstração de Resultado.


Quando chegar o vencimento, no mês seguinte, a fatura do cartão trará os R$ 6 mil, acrescidos dos juros, digamos R$ 1 mil, totalizando R$ 7 mil. Supondo que a empresa tenha caixa suficiente e quite o valor integral, o lançamento será o seguinte: baixa do Contas a Pagar, R$ 6 mil correspondentes à amortização do principal, e R$ 1 mil lançados na conta “Despesas com Juros”. E o valor total de R$ 7 mil sairá do banco.


Nos relatórios financeiros, será mostrado, na parte de cima, no passivo circulante, a entrada, no valor de R$ 6 mil na conta Cartão de Crédito a Pagar, representando a contratação de empréstimo com Cartão de Crédito. E no segundo mês, será mostrado a saída de R$ 6 mil, referente a amortização do empréstimo contraído no mês anterior, zerando o saldo da conta Cartão de Crédito a pagar.


Na parte de baixo, na conta de resultado, será mostrado a saída de mil reais, referente a Despesa com Juros, desta operação. Estes mil reais afetam negativamente o resultado, e sobe para o Patrimônio Líquido, na conta Resultados Acumulados, no lado direito do balanço.


Só um alerta rápido: que o “Parcelamento” é bem diferente do “Pagamento Mínimo”, da fatura. Parcelamento é escolha planejada; já no Pagamento Mínimo, você entra no tal do “Crédito Rotativo”, e aí os juros serão, digamos impagáveis.


Mantendo os lançamentos transparentes com a realidade, a empresa consegue clareza na demonstração de resultados. As despesas com juros, que seria o custo do dinheiro, fazem parte de qualquer atividade empresarial, e isso ficando visível na demonstração, facilita a administração, a monitorar o custo médio do capital de giro. Saber o preço exato que está pagando para financiar suas operações, é o segredo para uma boa administração.



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