ATÉ QUANDO ABRIR FILIAL É UM BOM NEGÓCIO?

Analisando tudo que vem acontecendo com o comércio nestes últimos anos: o volume de faturamento, a quantidade de funcionários, o fluxo de caixa que vem sofrendo, os esforços para cortar despesas, melhorar o nível de estoque e controlar as compras, apesar da melhora destes índices não reflete no fluxo de caixa.

A primeira conclusão que é possível chegar é que quando uma loja familiar vai bem, o dono logo parte para abrir uma filial, o CNPJ número 2, e seu negócio dobra de tamanho. A esposa cuida da segunda loja, o filho ajuda, e assim vai. O imposto na alíquota fica maior e o lucro diminui um pouco, porém como a retirada permanece a mesma de quando era uma única loja, o resultado do fluxo de caixa é fortíssimo.

A segunda conclusão é que quando o proprietário pensa em abrir uma terceira loja, com CNPJ final 3, começam a esbarrar no teto do Simples. Isso significa pagar mais contador, centralizar a tesouraria a uma terceira pessoa de confiança e provavelmente abrir outra Pessoa Jurídica, porque se estourar o teto do Simples a carga tributária que terá que pagar pode levar todo o seu lucro. O que quer dizer que as questões administrativas se multiplicam de acordo com a quantidade de número de CNPJ.

Quando existe apenas um CNPJ, as questões são relacionadas apenas a ele, é muito simples. Quando tem duas lojas, estabelece-se uma relação entre dois pontos. Quando parte para três lojas, a relação entre as lojas passam para três. Uma empresa com dez lojas, por exemplo, faz com que a relação entre lojas suba para 45. Ou seja, com dez lojas existem 45 possibilidades de relação entre lojas, seria como 10 amigos terem 45 pontes de amizade. Se estes dez aumentarem para vinte, estas pontes de relações pulam de 45 para 190, ou seja, vira uma loucura administrativa.

Talvez esta seja a principal razão para que a maioria das empresas tenham poucas lojas, se for para manter sob a administração familiar, de um dono só, pois existe um limite para este modelo.

Então qual será o limite saudável para que um número de lojas caiba em uma administração harmoniosa e pacífica? Imaginando, hipoteticamente, que uma loja, ou seja, um ponto e um CNPJ, conseguisse faturar R$ 30 milhões por ano. Qual seria o custo administrativo? Todas as compras seriam realizadas apenas em um CNPJ, assim como todas as contratações de funcionários, todos os contratos de aluguel, telefone, internet e contador. Não teria graça administrar uma monotonia como essa. Porém, é necessário cautela para não meter os pés pelas mãos.

Como funciona então a administração de uma rede de franqueados com centenas de lojas? Como consegue padronizar as políticas de atendimento, da comunicação visual, preços, finanças, logística, entre outros? Uma rede de franquias deve ter uma estrutura de administração, um know how, adquirido ao longo do tempo, de forma que seja capaz de cuidar de mil pontos no Brasil inteiro, por exemplo. Por isso, um modelo de negócio deve ser pensado e repensado, de tempos em tempos, para garantir a segurança e continuidade do negócio.

Afinal, existem várias opções e é necessário se assegurar de que o modelo de negócio é o mais indicado para o seu negócio. Uma empresa com bastante lojas, por exemplo, tem a alternativa de partir para o sistema de franquia estruturada, com cada loja sendo gerido por um proprietário, que não tem canal ou ligação com outras lojas, se não apenas com a franqueadora. Enquanto outra opção seria restringir o crescimento do número de lojas e focar na excelência do faturamento de cada uma.

Basicamente essas duas opções são os principais e melhores caminhos a se seguir, pois ficar no meio termo é temeroso para o futuro de um negócio, uma vez que a cada loja que é aberta, multiplica-se o número de problemas administrativos. Dessa forma, em questão de tempo, o custo da gestão ficará onerosa demais ou poderá entrar em colapso se colocar variáveis demais, o que não cabe na capacidade normal das mentes humanas.

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